sábado, 14 de maio de 2011

Eis o verão, em céu e fonemas. Verão. Em Portugal, o E fraco se esconde tímido, em malemolência de não-pronúncia, à sombra da sílaba tônica: VRÃO – ao contrário do verão brasileiro, em que a vogal átona E, vistosa, exibe-se toda à palavra: VE-RÃO. Assim em FELIZ ("F'LIZ"), PELADO ("P'LADO"), QUERIDO ("QU'RIDO"/"CRIDO"), QUERER ("QU'RER"/"CRER"), OPERAR ("OP'RAR") ou DIFERENTE ("DIF'RENTE”). Diferenças que vêm à tona no dizer de algumas vogais átonas, no Português europeu: reduzidas, como a quererem escapulir, impercebidas, da fala. Eis um traço, no canto da prosódia, que engraça um desencontro de nossas línguas, "f(a)ladas".

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